Terceira edição do mutirão de Grafite Rumo a Copa/Combate a Violência Doméstica em Salvador foi um sucesso

Pintura da grafiteira soteropolitana Kpitu foi escolhida pelo público como melhor trabalho do concurso local

Domingo último, de muito sol e céu azul, clima de BA-VI – o tricolor de aço levou a melhor sobre o rival – foi um dia de muito agito na Rua Major Pinheiro, bairro de Capelinha de São Caetano.

 Moradores da comunidade acompanharam de perto as performances do grupo de artistas urbanos e coletivos feministas, embalados pelo ritmo do hip hop, sob o comando da jovem DJ Nai Sena. Os belíssimos grafites transformaram o visual dos muros e fachadas residenciais da via principal e transversais num espaço de diálogo com as temáticas do evento. “O local, a partir de agora, ficará marcado como uma mostra de união, solidariedade e respeito dos moradores pela iniciativa da organização”, disse um morador que não quis se identificar.

 Para a coordenadora do evento, a artista ativista carioca Pamela, “o evento foi um sucesso. O objetivo alcançado. A proposta do projeto é de alertar a sociedade através das nossas artes impressas nas paredes a luta pelos direitos das mulheres. Usar a tradição que a gente já tem de decorar as ruas, fazer as pinturas da Copa, mas, sobretudo, inserindo no contexto os elementos da campanha pelo movimento contra a violência doméstica”. Pamela tem 10 anos atuando na cena urbana e seis dedicados ao tema da violência. “Eu comecei pintado as minhas histórias, só depois é que descobri que a minha história é a mesma de muitas mulheres”, revela Pamela.

 De acordo com a grafiteira soteropolitana Sista Kátia, o grafite é uma excelente ferramenta política, além de ser uma forma de expressão no combate à violência contra as mulheres. “Nós podemos por meio do grafite, com um desenho bem lúdico e sem ser muito agressivo, passar uma mensagem bem legal”, disse. Segundo o grafiteiro Finho, “é muito importante explorar qualquer tipo de iniciativa nesse sentido, como por exemplo, utilizar o grafite, a música, a linguagem da rua e outros movimentos como forma de exigir mais respeito e lutar por esse objeto comum”, explica.

 Já a moradora da comunidade Ester Azevedo, paulista, residente há 25 anos em Salvador, ficou apaixonada pela iniciativa. “O trabalho que eu vi lá em São Paulo é igualzinho ao daqui. A Bahia tem que continuar com esse trabalho. Violência contra a mulher já era! Não ao machismo! As mulheres têm que levantar a voz, denunciar, recorrer e buscar o nosso direito”, desabafa.

“Fiquei muito impressionada com a participação da galera do grafite, a recepção dada aos visitantes por parte dos moradores da minha comunidade. Todos eles abraçaram a ideia do mutirão e da nossa luta pelo fim de toda forma de violência contra as mulheres. O Nelson do Bar também nos ajudou muito cedendo seu equipamento de som”, disse Mônica.

 Coletivo feminista

 Representantes da Marcha Mundial das Mulheres da Bahia também marcaram presença no evento. Liderada por Tâmara Terso e mais quatro integrantes do grupo, elas começaram a interagir com um vazado (estêncil) carimbando frases, do tipo: Boto fé em quem não mata mulher, Mulheres em marcha e Feminismo é revolução MMM. Conforme explicou Terso, “as frases são temas da campanha organizada pelo movimento local, tendo em vista que o nosso estado é onde mais morrem jovens e mulheres negras vítimas da violência contra a mulher”. Terso continua “a marcha é uma organização internacional feminista que está presente em vários estados, como por exemplo, aqui da Bahia: no campo, nas cidades, nas universidades, nos bairros. Através desses recursos a gente vem denunciando a violência, além de utilizar alternativas de divulgação como a arte cênica, o grafite, a batucada, a percussão, dentre outros, na luta pelo combate a violência”.

 Presentes ao evento: Olukemi, Sleep, Ral, Grafi, Bori, GataX (Shirley), Talita, Evanilton Gonçalves, Kemp, With, Sisma Kátia, Finho, Tati Matos, Júlio, Bigod, Fumax, Wiw, Kuza, Papel, Mig, Lito, Glads, Tamara Terso, Bruna Rocha, Michele Menezes, Claúdia Santos (Café) integrantes da Marcha Mundial das Mulheres, Léo Jaime (Juba) de Sergipe, Chermie, Kpitu, Piva, Block, Acme, Snob, Taci e Deza (SE), Dinha, Gleice e Jouse Barata (PE), Afcka e Mao (SP).

(Fotos: JFParanaguá. Direitos reservados. Denuncie abusos).

Grafiteiro Olukemi

Grafiteiros Grafi (camisa branca), Ral e Sleep

Grafiteiro Bori (boné amarelo) e a jovem grafiteira pernambucana Dinha

Talita, seguindo os passos dos pais Mônica e Pinel

Grafiteira carioca Pamela: distribuindo impressos na comunidade

Grafiteiras Taci e…

..Deza (SE)

Pichador paulista Afrka

DJ Nai Sena: seleção musical de primeira

Grafiteiro Lito

Estande de apoio da Rede Nami

Grafiteiro Glads

Tâmara Terso e…

…amigas do Coletivo Marcha Mundial das Mulheres

Turma de amigos da Major Pinheiro mantém tradição do churrasco acompanhado da cervejinha bem gelada

Grafiteira Gleice e…

…Jouse Barata, representantes pernambucanas

Grafiteiro Pinel

(D) Grafiteiro sergipano Juba

Grafiteiro e tatuador Finho e a grafiteira ativista Sisma Kátia: casal compatilha dos mesmos ideais

A anfitriã e mediadora Mônica (blusa lilás), a organizadora Pamela e a produtora Chermie, trio responsável pelo sucesso do evento

Pintura do grafiteiro Grafi

Grafiteiiro Wiw e o seu “kit cartucheira”; produto para acondicionar latas de sprays foi divulgado no evento

Grafiteira GataX

Close da galera infantil

Grafiteira Tati Matos

Grafiteiro Drico

Grafiteiros With (camisa cinza) e Blok

Presença feminina fortaleceu a discussão a respeito da vioência doméstica

Grafiteiro paulista MAO da Crew Minha Vida

Momento de descontração de Claúdia Santos, carinhosamente chamada de Café (primeiro plano), With, GataX, Kpitu e Mônica

Casal de moradores posa ao lado de Júlia (camisa azul) e Pamela da Rede Nami

(E) GataX com as pernambucanas Gleice e Jouse Barata

Pinel e o tatuador Pinguim

Grafiteira Sista Kátia foi uma das escolhidas na votação dos melhores grafites do evento

O casal Nelson do Bar e sua companheira, com simplicidade e bom atendimento conquistaram o público visitante

byJFParanagua26

Feijoada, ximxim de bode, arroz e refri redrobou a energia da galera

Trio forrozeiro Zé do Grilo&Sua Gente com Ademário Preá cantou hits da música sertaneja

Registro histórico com a grafiteira Pamela (centro, de blusa amarela) e integranntes da Rede Nami na compannhia de grafiteiras, grafiteiros, amigos, visitantes e moradores da comunidade participantes do mutirão de grafite

Veja alguns depoimentos:

“Acho muito bacana a iniciativa, porque acaba com o preconceito. A rua não é só feita pra o homem. Qualquer coisa ou atividade em que as mulheres estejam envolvidas é muito interessante. Cada um busca o seu espaço de igualdade, independente de raça, religião, cor e sexo”. (Pichador paulista Afrka).

“Considero válida a ideia de reunir pessoas de vários estados na luta contra a violência da mulher”. (Grafiteira sergipana Taci).

“Estou muito feliz com tudo que aconteceu aqui na rua. Parabenizo a Mônica, Jackson (Pinel) e todos do projeto”. (Joel Soares, morador da comunidade).

“Acho um projeto muito interessante, muito intenso, bastante criativo, inovador e desejo que tenha uma boa repercussão”. (Patrícia, moradora da comunidade).

“É muito bom realizar esse tipo de evento. Que promovam mais vezes”. (Luciano, morador da comunidade).

“O evento realizado na Capelinha foi muito diferente das outras capitais. Além disso, teve uma coisa muito especial: a integração de toda comunidade, os donos de bares querendo ajudar de várias formas. Destaco a participação da Mônica e da Chermie, que conseguiram reunir vários amigos locais e muita gente que veio de fora. A arte é um ótimo veículo de expressão dessa nossa luta”. (Carioca Júlia da rede Nami).

(Fotos: JFParanaguá. Direitos reservados. Denuncie abusos).

3 comments for “Terceira edição do mutirão de Grafite Rumo a Copa/Combate a Violência Doméstica em Salvador foi um sucesso

  1. alan
    24 de julho de 2014 at 21:23

    Pessoal, alguém de vcs conhece o grafiteiro Eduardo (Soneca)?

  2. 11 de junho de 2014 at 20:25

    Achei muito interessante a apresentação dos trabalhos através do grafite, principalmente voltado para abordagem a violência domestica. Gostaria de saber se há possiblidade de participação da grafiteira que coordena o projeto REDE NAMI para participar do II Simposio de direito e politicas públicas do Movimento de Mulheres em Nilópolis, onde teria
    participação apresentando um grafite sobre o tema Violência doméstica e explanando sobre o impacto desse meio de transmissão (grafite).
    Caso haja interesse peço por favor envie e-mail ou pode contatar pelo WatsaPP, 021 8812 7492.
    Abçs.
    Presidente da ONG M.M.N.
    Dra Elaine Sampaio.

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