No início deste mês de julho, botamos o pé na estrada para curtir o final das férias escolares de nossas princesas Iamani e Irani. Desta vez a escolha foi Juazeiro, no estado da Bahia e Petrolina, em. Pernambuco. As duas cidades são vizinhas e separadas pelo Rio São Francisco, que é um dos principais atrativos turísticos, com vários restaurantes e bares localizados a beira do rio.
Através do aplicativo Booking escolhi os hotéis Beira Mar em Juazeiro e Novo Leste Hotel (excelente escolha) em Senhor do Bonfim. No retorno, novamente Novo Leste. Em Riachão do Jacuípe ficamos no Palace Hotel, próximo a Conceição do Coité, cidade onde aconteceu a 6ª edição do FlipEterno Graffiti, organizado pelos amigos coiteenses Dinei Fera e Medone.
Saímos de Salvador pela manhã a caminho de Feira de Santana, seguindo pela Rodovia Engenheiro Vasco Filho, mais conhecida como BR-324. Por sinal, a Via Bahia, responsável pela concessão, precisa urgentemente realizar melhorias em alguns trechos. Ainda pela BR-324, sentido Tanquinho, chegamos até a rotatória com indicaçao para Juazeiro/Petrolina e Paulo Afonso via BR-116. Recomendo ter muita atenção e cautela no percurso até a rotatória, por conta de ser via única e trânsito de muitas carretas. Há muito se comenta sobre a necessidade de duplicação desse trecho, mas até o momento nada foi feito.
A vista panorâmica da região encanta pela beleza do cenário. Inclusive, com a aproximação de Tanquinho, o visual do morro à nossa frente é motivo para várias interpretações, como por exemplo: o perfil rochoso parece com um mamute ou um macaco? (rsrsrs). Fica a dúvida!!!…
Fizemos um pit stop em Tanquinho – o topônimo, segundo a lenda, originou-se da existência de pequenos tanques e aguadas -, que é um território integrante do município de Feira de Santana. Depois de um giro pela cidade, fomos saborear o tradicional sanduiche de requeijão com suco de laranja e de abacaxi na lanchonete e churrascaria Tia Juana. Tempos atrás, o local era ponto obrigatório de viajantes. Hoje tem novas opções.
Percorridos 41 km com temperatura agradável e com pouco trânsito de carretas, chegamos a cidade de Riachão do Jacuípe. Como de praxe, demos um rolé pelo centro e adjacências. Cidade tranquila com uma bela praça, ainda com decoração junina. À noite, o agito acontece nos bares e lanchonetes no entorno da praça.
Continuamos pela BR-324 até Capim Grosso. Em vista do horário foi difícil atender o pedido de minha doce Shirley de degustar uma carne de bode assado. A solução foi parar na lanchonete de um posto de combustível e comer sanduiche de linguiça de bode. Muito legal! Mas fiquei tão sentido que esqueci de entrar na cidade. Deixei para o retorno. Aliás, foi muito bom! Gostamos bastante do Macaxeira Grill House Bar, cardápio variado e pratos baratos. O local é bem transado e com ótimo atendimento. Detalhe: a sobremesa de sorvete de chocolate com recheio de morango servida numa taça é simplesmente deliciosa e dá pra cinco pessoas.
De Capim Grosso, o trajeto é feito pela BR-407, passando por Senhor do Bonfim até Juazeiro. Final da tarde entramos na cidade de Senhor do Bonfim. No Novo Leste Hotel, fomos bem recepcionados com atendimento de primeira pelo colaborador Daniel e pela proprietária. O hotel com novo visual, dispõe de excelentes acomodações e um café da manhã com farta opções. À noite saímos para jantar na Delicatessen Veneza, centro da cidade. Considerado um point, lá você encontra restaurante, doceria, espaço para diversão de crianças.
Pela manhã, antes de seguir viagem, na companhia de minha filha Iamani, aproveitei para garimpar algumas intervenções artísticas na cidade. Vou comentar sobre a cidade em outro momento.
Após o café, partimos para Juazeiro. Mas antes, 15 km depois, entramos na cidade de Jaguarari – uma palavra de origem indígena que significa jaguar (onça) e ari (pequena), portanto “onça pequena”. Daí o nome Jaguarari. Ficou muito legal o acesso a cidade e a praça ornamentado com rochas verdes e cristal rosado. Destaque para o monumento em homenagem ao índio Jaguarari.
Em Juazeiro, fomos surpreendidos por não ter elevadores no Hotel Beira Mar. Transferiram-nos para o Opara, outro estabelecimento da rede, inclusive mais inferior. Depois desse transtorno, o melhor foi degustar o saboroso prato do bode assado no restaurante Papa’s, que fica abaixo da alça da ponte Juazeiro/Petrolina. Um tira-gosto de linguiça de bode com farofa e salada foi servido antes do prato tão desejado pela turma. Que delícia!!!
Já estive algumas vezes na cidade que fica a 540 km de Salvador, às margens do Rio São Francisco. Atualmente está mais moderna, com prédios novos. Na orla do rio existe um passeio público onde habitantes e visitantes vão ver o belíssimo pôr do sol e usufruir a paisagem. Apesar da facilidade de acesso à Petrolina, ainda pode ser utilizado o vapor como meio de transporte. Juazeiro, nos tempos coloniais, era ponto de parada de tropeiros, que aproveitavam para descansar à sombra dos juazeiros. Como um dos polos agrícolas da região, é voltado para exportação.
O curto espaço de tempo não deu para mostrar muita coisa as crianças. Além disso, a programação ficou prejudicada pelos jogos da seleção brasileira. Tanto que perdemos a chance de fazer o passeio Rota do Vinho de vapor. Mas deu para passear pela orla e visitar o Mercado de Artesanato, o mercado de frutas e o antigo vapor Saldanha Marinho, atualmente funcionando como posto de informações turísticas só de Petrolina. No local também está a estátua do músico João Gilberto, uma homenagem ao filho da cidade.
A ponte Presidente Dutra principal interligação entre Petrolina, cidade bem desenvolvida e, como a vizinha Juazeiro, têm vários de seus atrativos, hotéis, restaurantes e bares também localizados na beira do rio. Dois dias foram suficientes pra conhecer muita coisa.
Recomendo que inclua no roteiro a Catedral do Sagrado Coração de Jesus que é muito linda. Tem estilo gótico e é toda feita de pedra. Seu interior é formado com arcos e cheio de vitrais franceses. Em frente a catedral está um monumento intitulado “O presente de Padre Cícero a Dom Malan”, que simboliza a doação de um relógio que foi feita pelo padre Cícero Romão Batista à Diocese de Petrolina no início do século 20. A obra é de autoria dos artistas plásticos Ledo Ivo e Dário Peixoto.
Destaque para a iluminação da igreja que embeleza a praça Dom Malan, onde é realizado uma feira de artesanato reunindo várias barracas, lanchonetes, entre outros.
Antes de irmos ao Museu do Sertão que fica em Petrolina, passamos no Campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf.
Fiquei impressionado com a quantidade de intervenções artísticas existentes nos muros e paredes dos imóveis. Uma variedade de grafites, colagens, personagens, estênceis, frases e pinturas com temáticas regionais.
O Museu do Sertão que existe desde 1973, é uma ótima oportunidade de conhecer o resgate e preservação da história dos verdadeiros sertanejos, seu modo de vida, tradições em todos os seus aspectos. Tivemos o privilégio de sermos monitorados pela atenciosa e simpática Luana Granja, gerente do Museu, contando com detalhes cada peça exposta nos vários ambientes. Um fato que considero importante. Chamou-nos atenção a sua dedicação pelo que faz e a capacidade de superar as dificuldades financeiras para tocar o museu. Contatos podem ser feitos através do What sApp 8798803-0335, recepção/gerênca 873862-1943/3862-1534 ou pelo museudosertaopetrolina@gmai.com.
Depois do museu, seguimos em direção ao Centro de Cultura Ana das Carrancas, mas estava fechado. Então decidimos ir à Oficina do Artesão Mestre Quincas, uma associação que reúne vários artesãos e fica fora do centro. Infelizmente não deu pra mostrar as nossas filhas como são feitas as carrancas, santos e outras peças.
Os artesões estavam participando de uma feira de artesanato. Pra não perder a viagem, compramos algumas lembrancinhas. No retorno, fomos almoçar no Bodódromo.
Quem for a Juazeiro/Petrolina deve ir ao Bodódromo, um complexo de restaurantes especializados em carne caprina e ovina. O lugar é agradável e tem uma variada diversidade de pratos típicos da cultura nordestina. Luana nos sugeriu o Monjopina e o Angelo. Escolhemos o segundo. Por sinal, ótima dica! Muito saboroso os pratos e bom atendimento. Gostamos tanto que retornamos à noite do mesmo dia. Vale à pena pintar lá!
Outro local que deve estar na programação de visitas: o Museu de Fauna da Caatinga do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna Caatinga), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Rodovia BR-407, Km12. Fomos recebidos pela recepcionista Edyane Ramos, que nos incluiu num grupo de alunos do Programa Colônia de Férias Sorriso. Assistimos um vídeo educativo com explicações da estagiária de Biologia Anette, a respeito da fauna da caatinga, o combate ao tráfico de animais silvestres, aves de rapina, dentre outros e, no final da apresentação, ela fez uma demonstração com uma cobra Salamandra viva. Foi uma sensação diferente vivida por alguns visitantes, inclusive minha mulher e minha filha Iamani, que tiveram a coragem de segurar o animal. Irani, por sua vez, manteve-se sentadinha na plateia, como fez outros alunos.
Depois fomos guiados até o hall do museu com vários animais taxidermizados, como por exemplo, gaviões, cotia, gato do mato, onça, confeccionados por estudantes dos cursos de Ciências Biológicas, Medicina Veterinária e Zootecnia. Acesse e conheça mais sobre o Cemafauna através do https://www.facebook.com/cemafauna/
Uma conversa de minha mulher com Edyane, possibilitou a oportunidade de conhecermos uma área da Frutec Produtos Agrícolas, na Vila Eduardo, com plantio de frutas pelo processo de irrigação. Na companhia de Paulo Ramos, técnico agrícola da empresa e esposo de Edyane, percorremos corredores com pés de uvas e mangas.
Durante o percurso ele explicou com riqueza de detalhes sobre técnicas de plantio, colheita, tipos de uvas, armazenamento, processo de irrigação, dentre outros, e ainda presenteou cachos de dois tipos de uva, que foram consumidos no trajeto até Juazeiro.
Tivemos a chance de curtir um presente da natureza ao ver o pôr do sol do local! A propósito, o pôr do sol, também, observado da ponte Presidente Dutra, é um espetáculo à parte! Ele se põe bem no meio do São Francisco.
No retorno, alguns quilômetros de Juazeiro, paramos para comprar carrancas do artesão Djalma. De volta a rodovia, só paramos na cidade de Carrapichel, próximo a Senhor do Bonfim.
De lá seguimos em direção ao engenho de cana-de-açucar do “seo Zezé”, figura muita conhecida na região rural de Mulungu. O péssimo estado da estrada de barro inviabilizou nossa chegada ao destino.
Então escolhemos outro engenho. Apesar de não ter sido possível mostrar as minhas filhas uma moenda de cana-de-açucar em operação, um dos agricultores explicou como moer a cana, a garapa ser transformada em melaço, o uso das formas de rapadura e, por fim, degustarem raspaduras e alfenir (um tipo de doce com sabor e processo de preparação diferente da rapadura).
Chegamos em Bonfim a tempo de assistir Brasil 1 x 2 Bélgica em um barzinho próximo ao Novo Leste Hotel. Não adiantou tanta alegria, torcida vestida a rigor com banda agitando a galera. A seleção brasileira foi eliminada. Que ducha fria!!!
Em Senhor do Bonfim fomos a antiga estação ferroviária, construída em 1944. A estação que viveu tempos áureos de grandeza e esplendor está abandonada. Depois seguimos para feira livre, considerada a segunda maior do nordeste em extensão, ocupando três praças na área central da cidade. Fica atrás apenas de Caruaru (PE). O movimento de pessoas é muito grande. Você encontra de tudo: móveis, roupas, calçados, artefatos de couro, palha e cipó, cerâmica, plantas e ervas medicinais, animais e até frangos abastidos. Tem até Feira-do-Rolo, onde são feitos negócios com a troca de todo e qualquer tipo de objetos, Feiraguai, Feira do Rato e a Feira do Pau. Também deve conhecer o prédio da Prefeitura Municipal, a Catedral, as praças, o tradicional Colégio das Sacramentinas, dentre outros.
Após saborearmos um delicioso churrasco de carne de bode e de carneiro no Bode do Mário, localizado próximo ao acesso da cidade, seguimos para Riachão do Jacuipe. Feito o chek in no Palace Hotel, pegamos a Rodovia BA-120 (32 km) com destino a Conceição do Coité.
Foram dois dias de cobertura da 6ª. Edição do FlipEterno Graffiti. Importante reencontro com vários amigos e a oportunidade de construir novas amizades.
De parabéns os grafiteiros coiteenses Dinei Fera e Medone pelo sucesso do evento.
Até a próxima viagem!
(Fotos: byJFParanaguá,Iamani Paranaguá&Irani Paranaguá. Direitos reservados. Denuncie abusos).
Fantástico o seu levantamento sobre as cidades de Juazeiro e Petrolina. A medida em que lia seu relato aumentava o meu desejo de conhecer os lugares sobre os quais narrava com tanta familiaridade e entusiasmo. Precisamos conhecer mais as preciosidades que temos por aqui….entre nós!
Agradeço muito a sua boa vontade e empenho em partilhar conosco esses momentos tão felizes!
Obrigada!
Obrigada!
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A sua iniciativa é um trabalho de divulgação a nossas riquezas esquecidas e escondidas!