Frase garimpada na Rua Nelson Gallo, Rio Vermelho

O grafite foi o “gancho” para o blogueiro Miguel Cordeiro, escrever um artigo a respeito dos efeitos da mensagem, publicado em abril deste ano, sob o título  “Prendam o Carteiro”. Achei interessante reproduzir o material abaixo e ilustrar com a foto (agosto de 2011) a mensagem de autoria desconhecida. (Denuncie abusos. Direitos reservados. Texto: Miguel Cordeiro. Foto: byJFParanaguá).

Prendam o Carteiro

Grafitaram as paredes das ruas com um aviso de utilidade pública: “Cuidado! Zona de Assalto”. Apesar das inscrições terem surgido em área privilegiada da cidade, a região é conhecida por ser foco de roubos aos pedestres e motoristas que transitam pelo local.

A pichação virou notícia nacional. Daí, numa iniciativa surrealista as autoridades empreenderam caça para prender o grafiteiro, quando o mais correto seria combater os assaltos. O ato de incriminar o mensageiro me fez lembrar uma piada dos tempos da ditadura do regime militar.

Como naquela época a censura era implacável e qualquer movimentação poderia ser suspeita, ou acusada de subversão, algumas pessoas contrárias ao regime criaram o hábito de escrever cartas utilizando nomes fictícios. Tanto como remetente quanto destinatário.

Era uma forma de burlar a vigilância. Afinal poderia ser altamente comprometedor receber notícias de gente que se opunha ao governo. Usando nomes falsos era possível manter correspondência sem que os espiões infiltrados nos Correios percebessem a real identidade dos interlocutores.

Mas como seria de se esperar, o artifício foi descoberto. O comando central se reuniu. Havia de ser tomada uma decisão dura para interromper algo que, na verdade, ridicularizava os órgãos de segurança nacional. Porém surgiu um dilema. As autoridades se viram diante de um impasse.

A quem por a culpa se aquele que recebeu a carta iria negar e até provar que não era a pessoa cujo nome estava estampado no envelope? Tentaram várias maneiras de contornar o problema. Em vão. Até que um ministro de estado pediu a palavra e disse: “então, que se prenda o carteiro!”. (www.miguelcordeiroarquivos.blogger.com.br).