O grafiteiro Chagas (Carlos André Oliveira Chagas), 10 anos na cena do grafite e o fotógrafo Lúcio Flávio Telis de Jesus, 13 anos de experiência, atualmente participando do movimento de rua, são os entrevistados neste post. A dupla de sergipanos, estão divulgando o fotografite, uma técnica que mistura a fotografia (preferencialmente em preto e branco), e o grafite, com desenhos abstratos e aplicação de sprays multicoloridos. Recentemente fizeram uma intervenção artística de um mural temático sobre o folclore sergipano, no centro de Salvador. Denuncie abusos. Direitos reservados.
Leia as entrevistas a seguir:
Chagas, quanto tempo na cena do grafite? Aproximadamente 10 anos.
Como se deu a sua aproximação com o fotógrafo Lúcio Teles? Quando retornei pra Aracaju depois do evento internacional de Salvador, conheci mais de perto o trabalho dele. Fiquei fascinado com o seu arquivo fotográfico, um extraordinário acervo sobre os temas da cultura do estado sergipano. E vislumbrei, a partir daí, uma chance muito boa de colocar em prática o que fiz com o Zito em Salvador. O fato é que de uma hora pra outra surgiu uma oportunidade de mostrar a nossa proposta do fotografite no Projeto do Beco dos Cocos, evento organizado pela Prefeitura de Sergipe.
Quando aconteceu o evento? Isso foi em 2009. E deu certo, porque fomos convidados pra fazermos outras intervenções artísticas. Inclusive, uma foi no Centro Cultural do Banco do Estado. Agora viemos a Salvador divulgar o nosso trabalho.
Você usa spray no fotografite? Uso bastante, diversificando as cores.
Qual a temática mais explorada no grafite? No grafite não me prendo tanto a temática. Sou um pouco livre. Também não sou de achar que sou melhor em uma coisa e pior em outra. Eu tento fazer mais ainda e, nas outras vezes, se consigo chegar num ponto de domínio.
E no fotografite? Agora no fotografite a gente se restringe um pouco na linguagem folclórica do estado. A gente dá mais importância a essa ideia de poder divulgar, poder mostrar as imagens que são fascinantes do folclore de Laranjeiras e de Japaratuba, que são do interior do estado de Sergipe.
Você já traz um esboço do grafite pré-elaborado ou a criatividade flui naturalmente? Geralmente não uso esboço. No caso do fotografite a imagem é que me dá amplitude da coisa. Quando a gente olha a fotografia na parede é que começa aquela intenção de fusão da arte com a fotografia. Essa criatividade é natural.
E a dupla Chagas & Lucio? Lúcio é um cara bacana. Ele tem uma visão artística muito boa, além de ser um ótimo fotógrafo. E na arte também tem uma sensibilidade muito bacana. No estado de Sergipe é considerado um dos melhores, e quem tiver a oportunidade de conhecê-lo vai entender que não estou exagerando. Particularmente a gente tem uma interação muito boa e uma comunicação muito fácil.
Você quer dizer que a identificação nas propostas ajuda bastante? Sim, ajuda bastante, principalmente a amizade que é muito importante.
Lúcio Telis, como aconteceu a união do seu trabalho com o grafite? Bem. A interação do meu trabalho com o grafite é uma experiência nova que estou tendo contato recente com o movimento de arte urbana. Minha formação é fotografia, mas sempre gostei de experimentar. E, a partir do momento que conheci o Chagas, grafiteiro que tem um know-how no estado de Sergipe, decidi dialogar com ele sobre arte urbana.
E o que resultou desse diálogo? Juntar nossos conhecimentos, tanto na fotografia como no grafite e, aproveitar de certa forma, a técnica que Chagas aprendeu com o Zito, durante encontro internacional de grafite em Salvador.
Qual a sua participação nos trabalhos? Primeiro procurar definir uma linguagem. Depois, utilizar nas intervenções o acervo fotográfico que disponho sobre o folclore sergipano, mas estabelecendo algumas regras do tipo: as fotos serão sempre em preto e branco com a aplicação de spray coloridos.
O fotografite é uma técnica ou estilo que vocês estão criando? Na verdade é uma técnica sim. Nós não inventamos a roda, mas, enfim, estamos aprimorando essa fusão, essa convergência de linguagens da fotografia com o grafite.
De que forma, por exemplo? A pintura e o desenho saíram do papel, da tela e foi pra parede. A fotografia também saiu do papel e foi pra parede…
Você acha que a fusão da fotografia com o grafite é uma técnica nova? É porque a gente não quer dizer que somos os pioneiros. A gente descobriu e se tocou. Se a técnica não é nova ela é pouco utilizada.
Então vocês estão fazendo experiências? A gente vem fazendo estudos, aprimorando a técnica, definindo o tipo de linguagem de traços que estamos fazendo atualmente, além do intercâmbio que é fundamental.
Vocês já fizeram murais em outros estados? Só em Sergipe e Salvador. Depois daqui vamos pra São Paulo. E a ideia está crescendo porque o grafite nada mais é do que você ocupar os espaços ociosos urbanos.
Você acha que é interessante os artistas ocuparem os espaços ociosos das cidades? Veja bem. O interessante é colocar dentro do contexto urbano mais arte. A gente está muito motivado com a técnica, porque é uma forma também de divulgar a nossa cultura. O folclore que tá lá na fonte, em Laranjeiras e São Cristovão, cidades históricas do meu estado, além de dialogar com outras estéticas, a exemplo da Bahia, que tem um folclore muito forte. Enfim, a gente tá quebrando fronteiras pra criar e fazer arte.
Cara! Mesmo sendo uma leiga no grafite, reconheço todas as obras de Chagas e sou sua grande admiradora. Espero ainda poder gravar um vídeo documentário com esse célebre sergipano muitíssimo talentoso. bjs
Admiro muito o trabalho de vocês, essa técnica é muito interesante e o resultado shoow de bola !!! PARABÉNS.
Sou aluna do curso de Artes aqui da UFS, enfim… um dia eu chego lá. rsrs
Deus abençoe vcs!