O grafiteiro Tial (Flávio Tial), 34, é um dos jovens artistas urbanos talentosos da região de Cajazeiras, periferia de Salvador. Atualmente residindo na cidade de Manaus (AM), tem participado ativamente da cena local com outros artistas. Em seus trabalhos, ele procura expressar através do seu personagem, denominado Maria do Lixo, “(…) reflexões quanto a importância da música para a população”. Leia abaixo a entrevista on-line feita pelo A Arte na Rua e saiba mais sobre o trabalho desse artista.
(Fotos: Divulgação, Tial e JFParanaguá. Direitos reservados. Denuncie abusos).
A Arte na Rua – Sua atuação no cenário urbano foi iniciada como pichador ou grafiteiro?
Tial – Pichador e muralista.
AAR – Como você assina o seu nome artístico? E qual é o significado?
T – Tial, e não tem significado.
AAR – Por que você escolheu esse nome?
T – Desde pequeno, eu assinei as primeiras obras com esse codnome.
AAR – Quando aconteceu o seu envolvimento com a arte?
T – A partir da minha primeira mostra que foi uma coletiva.
AAR – Você já desenhava antes?
T – Sim. Sempre rabisquei.
AAR – Herdou o dom de alguém da família?
T – Recordo-me da minha fase de criança, meu pai passando algumas dicas pra mim.
AAR – Qual foi o motivo de escolher o grafite?
T – Eu não escolhi o grafite; o grafite me escolheu (risos).
AAR – Você se espelhou em algum grafiteiro? Cite o nome.
T – Sim. Cito como exemplos: Peace, Verme, Limpo, Sábio, TárcioV, Eder Muniz (Salvador), Ignoreporfavor (SP), dentre outros.
AAR – Tem outras referências?
T – Damaiia, Jean Michel Basquiat, Pollock, Jaime Figura, Bené Fonteles.
AAR – Quem é o personagem dos seus grafites?
T – Maria do Lixo.
AAR – Qual a associação do seu personagem com os instrumentos musicais e trechos de letras, principalmente da MPB, nas suas pinturas?
T – É o luxo e o lixo musical, retratado de forma lírica e descontraída, trazendo reflexões quanto a importância da música para a população.
AAR – Você percebe se o seu trabalho é reconhecido?
T – Sim. Reconhecido, mas não consagrado ainda.
AAR – Descreva o prazer que você sente ao grafitar um espaço?
T – É a maior satisfação dialogar com as pessoas, através de meu ponto de vista em relação ao mundo, seja com um desenho ou uma frase.
AAR – Como é que se dá a escolha do local para pintar?
T – Hoje, faço opção por lugares mais altos. Acho que chegou a hora do meu grafite crescer (risos).
AAR – Existe liberdade para grafitar em qualquer lugar?
T – Infelizmente não.
AAR – Qual é o seu estilo?
T – Pop art com misturas conceituais.
AAR – Como foi o processo de evolução do seu estilo?
T – À base de muita pesquisa e prática, associando sempre a fase contemporânea.
AAR – Suas pinturas surgem de inspirações no momento ou são temas já elaborados?
T – Muitas das vezes são elaborados, mas rola uns free hands ocasionais.
AAR – Cite três grafites que você mais gostou e o local onde foram pintados.
T – Ponta Negra em Manaus, Cajazeiras em Salvador, onde considero o berço para as minhas pinturas muralistas e, na Barra, também em Salvador, que acredito ter muito trabalho por lá.
AAR – O que arte de rua lhe proporciona?
T – Conhecimento, amizade, entretenimento, remuneração.
AAR Você já sofreu alguma abordagem da polícia ou de alguém enquanto fazia uma pintura?
T – Sim. Algumas vezes.
AAR – O que é um book, na linguagem de um grafiteiro?
T – Um livro para fazer tags, trocar desenhos, pinturas, etc.
AAR – Que diferença você percebe de quando começou até agora?
T – Às vezes pinto com as duas mãos para não descer da escada. Adquiri coordenação motora e muitas outras técnicas.
AAR – O que levou você a ir morar em Manaus?
T – Penso em espalhar meu grafite por todo o país e depois pelo mundo. Já estive no Sul do país e agora surgiu uma oportunidade de vir ao Norte. Está sendo consumada a minha trajetória.
AAR – Que diferença você percebe entre as cenas de Salvador e Manaus?
T – Manaus é uma cidade muito grande, quente e dividida por zonas. Existe muita gente na cena local e bastante bombs. Já Salvador, o clima é favorável, as produções são mais constantes e cores super tropicais.
AAR – Como você analisa a cena soteropolitana?
T – Muita boa. Os grafiteiros de Salvador estão representando bem a cena soteropolitana em muitos eventos pelo mundo.
AAR – Em sua opinião, o grafite ainda é considerado uma arte marginalizada pela população?
T – Infelizmente ainda é. As pessoas não tem uma educação a nível cultural adequada.
Veja outros trabalhos:
Prezado Tial,
Sou professor do seu primo, chamado Leonardo Moraes. Estou fazendo um trabalho sobre Artes Urbanas: manifestação social. Gostaria de uma ajuda acerca do grafite. Será que podíamos marcar uma “aula” virtual? Para você passar as suas experiências. Por favor, entre em contato comigo. Sucesso e excelente trabalho.
Willian, enviei sua mensagem ao destinatário. E obrigado pelo acesso ao blog.
Nossa que trabalho lindo! Parabéns Tial, quero ver muitos desenhos desses seus aqui! Abraço.
Certo meu telefone esta disponível na tela (92)994041800 (92) 982741921
Ficou ótimo Paranaguá! Obrigado mais uma vez! Muita luz na sua caminhada!