Saímos de Caruaru no domingo (28.6), às 10 horas da manhã, em direção a cidade de Olinda, seguindo pelas rodovias PE-104 e BR-232 até a Região Metropolitana do Recife, percorrendo 152 km. E mais 8 km pelas rodovias estaduais PE-001/015, até chegarmos ao destino, local em que permaneceríamos por quatro dias.
A rodovia BR-232 ou Rota 232, como é mais conhecida, é a principal via a ligar o Sertão a Região Metropolitana do Recife, além de ser um roteiro repleto de riquezas naturais, gastronômicas e culturais, conforme o guia publicado pela Folha de Pernambuco e o Governo do Estado. Escolhemos duas cidades citadas no guia: Bezerros e Gravatá.
Na saída da cidade paramos no Restaurante Rancho Alegre, localizado no Km 124 da BR-232, sentido Caruaru/Recife. Degustamos com apetite os saborosos pratos ao som de um forró pé de serra (Clique aqui e assista o vídeo). Após o rango, meia hora depois (34 km), chegamos a cidade de Bezerros, à esquerda da rodovia. Do entroncamento em direção ao centro foram mais 2 km.
A cidade de Bezerros é conhecida pela cultura do artesanato, xilogravuras e máscaras de papangus (Clique aqui), além de outros atrativos. Decidimos visitar a Casa de Cultura Popular do Lula Vassoureiro, uma figura conhecida pelas suas máscaras gigantes que são tradição no Carnaval local. A casa estava fechada por conta dos feriados juninos.
O mesmo aconteceu na visita ao Centro de Artesanato de Pernambuco. O prédio que mantém um dos mais ricos acervos da produção artesanal do estado fica a alguns metros da entrada da cidade, à direita da rodovia.
De Bezerros até Gravatá foram percorridos 19 km até o entroncamento de acesso à direita da rodovia e mais 5 km até o centro. Gravatá, que significa em tupi karawatã “mato que fura”, é considerado uma das maiores redes hoteleiras do estado e conhecida também como importante pólo moveleiro. A cidade tem um clima agradável e a maioria dos condomínios e casas tem arquitetura alpina.
Um dos atrativos visitados foi o mirante do Cruzeiro. De lá pude contemplar o visual panorâmico do município, apesar do tempo nublado. No local, estão a Capela do Cristo Rei, erguida em 1925, uma estátua do Cristo Redentor, um cruzeiro, o cemitério e bares, por sinal, bem frequentados.
Também passamos pela Praça da Matriz onde está a belíssima Igreja Matriz de Sant’Ana. Devido o horário e a chuva muito forte ficou inviável visitar outros pontos turísticos.
De volta à rodovia BR-232, redobrei a atenção por causa do aumento do fluxo de veículos retornando do feriadão. Um bom trecho dessa rodovia tem várias barraquinhas vendendo caixas de morango, além de outras frutas.
No Km 69 fiz um pit stop no Rei das Coxinhas, próximo do início da Serra das Russas. O local é parada obrigatória de quem circula pela rodovia e se tornou mais uma das atrações da Rota 232.
A mega estrutura do Rei das Coxinhas capitaneada por Ivanildo dos Santos (proprietário do estabelecimento) é um exemplo de determinação e de força vontade pra vencer na vida. Aos 14 anos resolveu comercializar o produto vendendo na estrada coxinhas de galinha estocadas num isopor, quando começou a montar seu reinado nesse ramo de negócio. O carro chefe é a coxinha, mas o cliente pode escolher os diversos tipos de salgados e doces. A turma saboreou coxinhas (teve até repeteco) e cartola. Eu fui de pastel de queijo. Tudo de 1ª qualidade. Uma delícia!
Desse ponto em diante iniciamos a descida da Serra das Russas, com 6 km de extensão. A serra tem esse nome por causa da constante neblina que domina suas escarpas durante boa parte do dia. Outro detalhe interessante: O nome russas é originário da palavra ruça, usada para se referir ao nevoeiro, sendo sua escrita com dois “ss”.
Até chegarmos a Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana, foi um transtôrno, devido o fluxo intenso de veiculos, além do congestionamento infernal até o centro do Recife. Um problema crônico de todas as capitais. Seguindo pelo centro mais 8 km, chegamos a Casa Caiada, bairro de Olinda, nosso destino. Antes do check in aproveitamos para jantar. Desta vez rolou uma deliciosa pizza.
Os três dias que ficamos em Olinda, aproveitamos o máximo. Essa é a quinta vez que estive por lá. Minha doce Shirley duas. E em cada visita encontramos uma novidade. As pequenas curtiram muito! Curiosas, queriam saber de tudo.
No primeiro dia, decidimos fazer um tour pelo centro da cidade, visitando museus, igrejas, dentre outros pontos turísticos. Por ser uma cidade com muitas ladeiras, a maioria do percurso fiz de carro.
A cidade de Olinda tem o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco em 1982. É roteiro obrigatório de turistas nacionais e estrangeiros. Mesmo sendo tombada, é impressionante o número de estilos de grafites (bombs, personagens, estênceis, colagens) espalhados pela cidade.
Senti-me à vontade! E partir para garimpar o que fosse possível. Ao meu lado minhas pequenas Irani e Iamani, com oito e nove anos de idade, máquina a tira-colo, estavam ligadas nas cenas. As observadoras-mirins já estão atentas a esse estilo de arte.
No segundo dia fomos ao Recife Antigo, visitar pontos turísticos. Na Embaixada de Pernambuco-Bonecos Gigantes de Olinda, Ricardo, responsável pelo atendimento, explicou de forma bem didática como os bonecos são usados e quem é cada um deles (Clique aqui e assista o vídeo).
Aproveitei também para registrar alguns grafites. A área do Recife Antigo é palco de muitas intervenções por parte de grafiteiros. Inclusive encontrei pinturas de artistas urbanos baianos.
Almoçamos no local, depois seguimos para orla da Boa Viagem, onde mostramos as meninas os pontos da praia que estão sinalizados como áreas proibidas de banho de mar por causa da presença de tubarões.
Nosso destino no dia seguinte: Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, litoral sul pernambucano. Fizemos a opção de irmos por Boa Viagem, passando pelos bairros de Candeias e Barra de Jangada em Jaboatão dos Guararapes até a nova rodovia de acesso ao litoral. Enfrentamos um congestionamento de quase duas horas. Que arrependimento!
Pela PE-024, seguimos por duas vias pedagiadas, depois um trecho da PE-028 até o entroncamento para Nossa Senhora do Ó, à direita da rodovia.
Por fim chegamos ao povoado de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca. A praia de Porto de Galinhas é eleita como uma das mais bonitas do Brasil e privilegiada pelo mar tranquilo, piscinas naturais, barreiras de corais e diversidade marinha.
Como curiosidade, o nome Porto de Galinhas representa a época em que os escravos africanos contrabandeados chegavam à região escondidos entre galinhas, para driblar a fiscalização.
Nesse dia, eu e as meninas por causa do tempo chuvoso não tivemos a oportunidade de conhecer as belezas do lugar. Fizemos um giro pela vila e percebemos que a galinha é a fonte de inspiração do artesanato nativo. Está em vários lugares em diferentes estilos e tamanhos, inclusive compramos alguns como lembranças. Almoçamos no Restaurante Peixe na Telha à beira mar, uma comida muito deliciosa servida na telha de cerâmica.
Depois demos uma passadinha no projeto Hippocampus, para conhecer o trabalho que os biólogos fazem para preservar o cavalo-marinho, um tipo de peixe exótico, que está ameaçado de extinção (Clique aqui e assista o vídeo).
Na saída da cidade, às margens da rodovia, paramos no ateliê do Duda Arte, para conhecer o artesão e comprar um de seus trabalhos, de preferência uma galinha. Muito divertido e falante nos contou a sua história de vida (Clique aqui e assista o vídeo).
Quarto e último dia em Olinda. Pela manhã curtimos uma programação bem relaxante: banho de mar na praia próximo ao hotel. À tarde visitamos o Instituto Ricardo Brennand, no bairro da Várzea.
O local é surpreendente, a começar pelas enormes palmeiras imperiais em cada lado do corredor de entrada. Mais acima, uma réplica de castelo em estilo medieval, composto por três prédios, chama atenção pela sua imponência.
Chegamos uma hora antes da última entrada. Mesmo assim, principalmente Shirley e as meninas, que não conheciam o local, tiveram tempo de conhecer as coleções de pinturas a óleo, esculturas, armas brancas, armaduras. Passeio imperdível!
Décimo primeiro dia de viagem. Estava previsto a saída de Olinda em direção a Maceió pela BR-101, porém alteramos o roteiro, decidindo retornar a cidade de Caruaru. Após o café, malas prontas, pegamos a rodovia BR-232, em direção ao nosso destino. O percurso durou aproximadamente 2h10min. Na volta, após passarmos pela cidade de Pombos, no sentido subida da Serra das Russas, cruzamos uma ponte com 450 metros de extensão e 50 metros de altura, que dá acesso a um tunel interligando a cidade de Gravatá. A vista é muito linda. Em Caruaru ficamos hospedados no mesmo hotel.
No mesmo dia fomos ao Parque das Feiras em Toritama, distante de Caruaru 37 km, fazer umas comprinhas. A cidade de Toritama está situada nos dois lados da rodovia PE-104. É conhecida como “a cidade do jeans”. Localizada no agreste pernambucano, integra o polo de confecção conhecido nacionalmente e se destaca pela produção e venda de roupas masculinas, femininas e infantis.
O significado do topônimo Toritama tem interpretações divergentes. Uma delas é que tori significaria pedra, e tama, região, em alusão às pedras com cerca de 30 metros de altura que dão a impressão de uma torre, existentes na margem direita da rodovia, sentido Caruaru.
Na manhã do dia seguinte, antes de sairmos de Caruaru em direção a cidade de Maceió (AL), demos uma passadinha na Feira de Caruaru. É uma das maiores feiras ao ar livre do país. Também é considerada Patrimônio Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A Feira de Caruaru serviu como inspiração para Onildo Almeida criar a canção homônima, eternizada por Luis Gonzaga.
Depois das compras, pé na estrada. Inicialmente passamos por Agrestina seguindo pela PE-104 até a divisa com o Estado de Alagoas. Daí em diante, pela AL -104 até Panelas onde fizemos uma parada.
O nome da cidade tem muito a ver com a sua localização por estar situada na parte baixa entre quatro morros, dando a impressão de estar numa panela.
Próximo à cidade de São José da Laje paramos para almoçar. O Restaurante & Churrascaria Amarulla fica à esquerda da rodovia a poucos metros da entrada da cidade, o único no raio de 20 km a partir da divisa PE/AL. Ficamos surpresos ao encontrar um restaurante com um serviço de qualidade no meio da estrada. Uma dica da garçonete com informações históricas sobre São José da Laje, aguçou minha curiosidade, motivando-me a conhecer o local.
O centro da cidade fica às margens do Rio Canhoto, que em épocas de enchente deixa a população em estado de alerta. Em 1969, por exemplo, aconteceu a maior tragédia causada pela enchente. A belíssima igreja de São José, padroeiro da cidade, destaca-se entre as construções no seu entorno.
Numa das ruas, chama atenção o antigo sobrado com detalhes de construções romanas. Ao lado da igreja existe um imóvel abandonado, que foi edificado na época para expor um acervo fotográfico em homenagem às vítimas da tragédia.
Saindo de São José da Laje seguimos em direção a União dos Palmares, localizado à direita da rodovia. A cidade é conhecida por ser “A Terra da Liberdade”, já que foi nela, mais precisamente na Serra da Barriga, onde foi dado o primeiro grito de liberdade, pelo lider negro Zumbi dos Palmares. Entramos na cidade com a finalidade de visitar um espaço com informações sobre a vida dele. Tivemos conhecimento da existência de alguns fatos no Museu Casa de Maria Mariá, antiga residência da historiadora Maria Mariá de Castro Sarmento ou na Serra da Barriga, principal palco do famoso Quilombo dos Palmares, hoje declarada Patrimônio Histórico do Brasil, distante cerca de 6 km da sede do município.
No final da tarde chegamos à cidade de Maceió, onde passamos um pernoite. Na manhã seguinte iniciamos o retorno a cidade de Salvador, pelo litoral alagoano, roteiro feito em viagem anterior (Clique aqui). Por motivos de segurança decidimos dormir na bucólica Praia do Saco, em Estância (SE). Após o café, retomamos a viagem a caminho de casa. No dia 6 de julho, às 16 horas, chegamos ao nosso destino, finalizando o tour pelo sertão brasileiro.
Até a próxima viagem!
(Fotos: byJFParanaguá, Shirley Paranaguá e Iamani Paranaguá).