Hoje completa uma semana que botei novamente o pé na estrada com minha família. Desta vez, com destino as cidades de Candeias, Madre Deus e São Francisco do Conde, localizadas no Recôncavo baiano. Nessas viagens turísticas, além de fotografar as belezas dos locais visitados, também compartilho o resultado do meu garimpo das intervenções urbanas e artísticas.
Fiz o trajeto pela rodovia BR-324 de Salvador até o acesso para Candeias (46,7 Km). Na primeira rotatória, segui pela BA-521, em direção ao Museu Wanderley de Pinho, no distrito de Caboto. Nos idos de 90, visitei o museu alguns vezes. Local muito agradável, beleza natural, com um imponente casarão, equipamentos artesanais, caldeirões de ferro do período áureo da cana-de-açucar.
Em 2012, retornei novamente, mas fiquei decepcionado com o que vi. As fotos da época revelam o que sobrou do engenho que ficava nas proximidades do museu.
O conjunto arquitetônico que é tombado continua fechado para reforma, o acesso está uma lástima e perigoso. Outra decepção!
Fica a pergunta: Até quando? Dei meia volta e segui para Cabôto, onde recuperei o humor.
Cabôto está situado à beira-mar. É considerado como de maior potencial turístico de Candeias. Dispõe de bares e restaurantes, com saborosos pratos da culinária à base de frutos do mar, como por exemplo: siri mole frito, moqueca de peixe, dentre outras iguarias.
Não estou fazendo propaganda, mas, vale à pena dar uma paradinha no Bar e Restaurante São Roque para saborear um apetitoso tira-gosto, ser bem atendido pelo jovem Alessandro Conceição, carinhosamente chamado de Leleu, e excelente fonte de informações turísticas, além de desfrutar da belíssima vista a nossa frente.
Na rotatória que interliga as rodovias BA-521/523, segui em direção a Candeias. A partir daí, a via é única e recomendo atenção redobrada por conta do grande fluxo de veículos pesados.
A cidade fica distante de Salvador 43,3Km. Candeias simboliza luz. Fatos importantes são destaques, como por exemplo: a lenda por volta do século XVII, diz que aconteceu um milagre em um córrego que cortava o Engenho Pitanga. O córrego transformou-se em fonte dos milagres. A partir daí, romeiros atraídos pelos milagres construíram suas casas nos arredores da fonte; em 1941, o povoado de Candeias modificou o seu perfil com a descoberta de poços de petróleo e a presença da Petrobras e; em 1958, com a emancipação ganhou o status de município. Maiores detalhes sobre Candeias acesse: http://candeiascidadedasluzes.blogspot.com/.
O tempo chuvoso não permitiu uma incursão maior. Mas, mesmo assim, deu pra dar um rolê pelo centro, conhecer a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Candeias, construída em 1894, e a fonte milagrosa que leva o nome da santa e fica próxima à igreja, na parte mais alta da cidade. Nossa Senhora das Candeias está relacionada com a fertilidade. a purificação pela água, a iluminação pelo fogo e ao culto a Iemanjá. A festa religiosa tem seu ponto alto no dia 2 de fevereiro, dedicado a Iemanjá, que é um Orixá do candomblé.
No entorno e parte interna da fonte milagrosa o movimento de pessoas é intenso. Turistas e fiéis enfrentam as escadarias pra chegar até o local sagrado, onde vão tocar as mãos e banhar as cabeças e rostos, crendo no poder das águas. Na companhia de minhas filhas, também fiz o mesmo ritual.
As visitas podem ser feitas diariamente entre 6 e 18 horas. Além disso, nas imediações existe um comércio de imagens sacras, fitas, velas, miniaturas de santos, bares e restaurantes.
O próximo destino foi Madre de Deus, município localizado em um arquipélago da Baía de Todos os Santos e sua ligação com o continente é feita por uma ponte construída no fim dos anos 50, durante a implantação do terminal marítimo da Petrobras.
Madre de Deus com a emancipação nos anos 80 deixou de pertencer a Salvador. O terminal marítimo da Petrobras é a principal atividade, além de outras, a exemplo da pesca artesanal e turismo. Fiquei impressionado com a extensa faixa de praia.
Muito movimento na principal praia da Orla, apesar da falta infraestrutura devido as obras no local. Destaque para a sede da prefeitura, um prédio com uma arquitetura moderna e cores vibrantes.
Visitantes e turistas que desejam visitar as ilhas de Maria Guarda (já estive uma vez lá) e Vacas podem chegar às localidades por meio do Terminal Marítimo. Desta feita não deu para ir a ilha de Maria da Guarda.
A opção foi ancorar na Ponta de Suape, que fica na entrada da cidade, sentar na barraca do Tota, de frente para o mar, relaxar e curtir um rango preparado pela simpática dona Almira.
Refeito as energias, voltei pela BA-523 até o entroncamento com a BA-522, em direção a cidade de São Francisco do Conde. Antes passei pela localidade de Monte Recôncavo, área remanescente de quilombos. Uma ladeira muito íngreme nos leva até o local, por sinal, muito estratégico na época.
É o ponto mais alto do Recôncavo baiano e fica a 180 metros acima da Baia de Todos os Santos. A igreja de Nossa Senhora do Monte Recôncavo, apesar dos tapumes no seu entorno, deu pra notar pela parte externa, a beleza do imóvel, que foi construído por negros no século XVII.
Seguindo pela BA-522 cheguei até São Francisco do Conde. Ao vislumbrar o portal de entrada, tive a sensação de estar numa cidade europeia. A via de acesso é outro ponto de destaque, com canteiros floridos, postes de iluminação com jardineiras suspensas ornamentadas com samambaias.
Devido o adiantar das horas fiz um giro rápido pela cidade, mas pretendo retornar brevemente e contar um pouco da minha passagem pela cidade que é rica em sobrados, igrejas e engenhos, construídos durante a administração portuguesa no país.
(Fotos: byIamani Paranaguá e JFParanaguá. Denuncie abusos. Direitos reservados).