Maurício (Blot) percebeu a possibilidade de usar as suas ideias com coisas mais proveitosas, como por exemplo, ideias coloridas que lhe completasse mental e espiritualmente, além de colocá-lo perante da sociedade como um cidadão, um artista pacífico e não um jovem transgressor. A cultura do hip hop o influenciou muito. “Através do hip hop conheci o mais precioso dos seus elementos: o grafite. Apesar de já ter contato com a arte, não tinha o conhecimento que era muito mais do que eu pensava”, confessou.
Em 2006, o grupo MIR organizou o 1º Encontro de Graffiteiros de Serrinha, contando mais uma vez com o apoio do ADR. O grafiteiro soteropolitano Júlio Costa da Nova 10ordem e a Crew MSF da cidade de Conceição do Coité foram convidados. A presença de Júlio possibilitou que os jovens artistas serrinhenses tivessem a oportunidade de trocar informações, promover intercâmbio, aprender novas técnicas, principalmente, no uso correto do spray. Maurício “com muito orgulho” disse: “Sempre fizemos nossas pinturas usando cal (tinta em pó misturada com água e pincéis em vez de látex), bisnaga colorida e rolinho”. Mesmo com a falta de prática do spray, os precursores da arte urbana de Serrinha sempre estiveram presentes nos eventos, representados pelos lideres Blot (Maurício) e Roes (ex- Cascov), novo pseudônimo de Fábio.
Em 2007, a dupla Maurício e Fábio, com apoio dos grafiteiros da Nova10ordem, organizaram pela primeira vez na história da cidade e região uma apresentação de um grupo de Rap. O evento comemorou sete anos do MIR Crew, participando de muitas lutas, de trabalhos sociais e educativos voltados para os jovens conterrâneos. No ano de 2008 um fato inesperado e triste abalou o grupo: a perda do grafiteiro Crazy (Antonielson ou Tony-MIR), considerado o pensador, sonhador, palhaço, artista e um grande amigo. No ano de 2009 o grupo MIR realizou o 1º Tributo MIR Fest, homenageando o eterno irmão e amigo Crazy, com a presença de vários grupos de rap e de grafiteiros do estado da Bahia.
Os anos se passaram apagando as pichações dos muros que permanecem presentes no pensamento do grupo. “A arte do grafite permanece até hoje devido a persistência dos jovens artistas urbanos de Serrinha. Tanto dos grupos MIR e ADR, como os demais que deixaram seus pensamentos nos muros da cidade que resistem as intempéries do tempo. Além disso, continuamos sonhando com uma sociedade mais digna e justa para a classe menos favorecida. Maurício disse em seguida: “Graças a Deus um desses sonhos se concretizou em 2009, ao ser aprovado em segundo lugar no Edital Cultura e Direitos Humanos, o Projeto Solidart – Graffiti Arte Solidária, de autoria do grupo MIR em homenagem ao eterno e saudoso companheiro Crazy (Tony)”.
O Projeto financiado pelo Fundo de Cultura da Bahia/Secult e Sefaz do governo da Bahia foi executado no ano passado, durante cinco meses, beneficiando as comunidades periféricas da cidade (Vila de Fátima, Recreio, Treze e Bomba), com várias atividades socioeducativas para crianças, adolescentes e jovens, dando enfâse na formação cidadã, conscientização sobre direitos e deveres, valores, trabalho em grupo, além do respeito às diferenças e as diversidades.
No dia 29 de março deste ano, data comemorativa dos 11 anos da história da arte urbana em Serrinha, o Grupo MIR ganhou em 1º na Categoria Artes Visuais, ao se inscrever no Projeto Educanart – Grafite a arte que educa, no calendário de apoio da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Santa, Mutirão, Oséias e Rodagem são as quatro comunidades periféricas do munícipio que estão sendo beneficiadas com o projeto.
Frases do grafiteiro Blot: “Através de conversas e reflexões, tivemos a consciência de substituira agressividade da pichação pela beleza do grafite”; “A gente não quer passar pela história como um agente passivo, e sim, fazer parte dela como um agente transformador e transmissor de cultura e arte para a sociedade”. (Trecho de uma entrevista feita com o grupo publicado no Jornal OSerrinhense em 2004); “Podem demolir as árvortes, porém as raízes irão brotar sempre uma nova geração”. (Participação de Crazy); “O pensamento julga o sentimento, o sentimento condena o instinto e o instinto abafa as palavras”; “Que Deus dê longa vida aos hipócritas e aos ignorantes para que eles possam ver a revolução da nossa arte”.
Agradecimentos da MIR-Crew: Primeiramente a Deus e aos Orixás por nos abençoarem sempre em nossa trajetória; São Jorge da Capadócia, por nos vestir e proteger com suas roupas e armadura blindada; aos que fizeram e fazem parte da família MIR; a população periférica de serrinha e região, a população serrinhense que sempre acreditou no potencial artístico do nosso grupo e dos demais grupos de grafite existentes na cidade e; ao eterno guerreiro Tony-MIR, que nos deu e continua nos dando força necessária para sobrevivermos e resistirmos as dificuldades da vida.
Salve-salve irmandades: JFParanaguá, pelo carinho e oportunidade; Nova10ordem; ADR Crew; MSF Crew; TFC Crew; EGS; Oclan e a benção ao meu pai Lee27; C3; dentre outros grupos da Bahia e do Brasil, que sempre nos apoiam em eventos e; todos os Rappers que estiveram em Serrinha.
Axé a todos! Paz, união, amor e diversão. Essa sim é a nossa ideologia!
- Bomb do MIR Crew (Rua Paulino de Santana) em 2006
- Homenagem dos grafiteiros Blot e Eros (MIR) ao amigo Tony-Crazy
- Cartaz do MIR Fest Tributo
- Cartaz do Projeto Educart
- Stencil de Tony: homenagem do MIR Crew
- Bomb autorizado do MIR Crew
- (Da esquerda para direita) Grafiteiros do MIR: Eros, Dash, Blot e Tony-Crazy (in memoriam)
Estarei sempre por aqui espiando. Muito legal!
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