Neste post quero compartilhar com os leitores os momentos emocionantes, experiências e sensações vividas durante as viagens de intercâmbio cultural que participei em 2008, 2009 e maio deste ano, integrando uma delegação oficial organizada pelo Instituto Cultural Brasil Itália Europa (ICBIE) e o Projeto Grafita Salvador, através da Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Laser – Secult.
Começarei a conduzi-los nesse primeiro giro pela Europa, passando por Paris, Bagnolet e Marseilhe na França, Frankfurt, Wiesbaden e Limburg na Alemanha, Barcelona na Espanha e Roma na Itália, em companhia de Pietro Gallina, presidente do ICBIE, Edvandro Castro “Tucunaré”, coordenador do Projeto Salvador Grafita, além dos grafiteiros Júlio Costa, Lee27 e Pinel. A viagem foi muito enriquecedora do ponto de vista cultural e turístico, principalmente na companhia do amigo professor de história da arte e jornalista Pietro. Através de seus relatos fiquei sabendo dos acontecimentos históricos, fatos marcantes, hábitos, gastronomia, cultura e a arte européia.
Independentemente dos compromissos oficiais, visitas a museus, castelos, igrejas, esculturas, monumentos; degustação das delícias da culinária local acompanhado de excelentes vinhos; reencontro com amigos; registros de pinturas dos grafiteiros baianos interagindo com artistas de outros países, fui um observador atento com o olhar voltado para os grafites, na sua maioria “bombs”de “tags” em vagões de trens e caminhões baús, além de frases de protestos nos muros residenciais, balaustradas e casas comerciais.
Ao cruzar o oceano me deparei com uma realidade bem diferente da nossa. É impressionante o fluxo de passageiros e a quantidade de aeronaves que decolam e aterrisam no aeroporto Charles De Gaulle em Paris (França). Uma infra-estrutura de fazer inveja aos aeroportos de algumas cidades brasileiras. Outro fato que me surpreendeu: o tempo gasto nas viagens cruzando as fronteiras dos países. As auto-estradas são fantásticas! Você tem a certeza de chegar ao destino no horário. Sinalização perfeita, sensores e indicações com placas de velocidades permitidas e sem buracos nas pistas. Dá prazer viajar!
O meio de transporte que utilizamos de Paris até Barcelona na Espanha foi uma Van da Fiat. Percorremos aproximadamente 2.500 Kms. Vários pedágios. Em todo trajeto não vi barracas, nem pedestres, nem animais ao longo das auto-estradas. Não vi fazendas com centenas de cabeças de gado nos pastos. Alguns proprietários criam um número pequeno de animais, em torno de 10 a 15. As extensas áreas de terra são de plantios de parreiras e oliveiras, dentre outras culturas.
O belíssimo cenário muda de acordo com cada região. O clima no final de abril e início de maio ainda está muito frio. Tive dificuldades para adaptar-me as variações de temperatura. Em Limburg, na Alemanha, por exemplo, chegou a 0ºC. O grande lance foi tomar todas as precauções, seguindo as dicas de um amigo para evitar o choque térmico.
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O voo direto de Salvador/Paris durou aproximadamente 11 horas. Do Aeroporto Internacional Charles De Gaulle, seguimos para o Hotel Le Chapelle, na cidade de Bagnolet, localizada no subúrbio oriental, departamento Seine-Saint-Denis, região Ilê-de-France, próximo ao centro parisiense.
Paris, a cidade mais charmosa e elegante do mundo. O tempo instável não atrapalhou muito, mas, no meu caso, procurei não me descuidar. Vocês verão os meus trajes em algumas situações. No centro não vi um grafite elaborado. Muito “picho” com frases e bombs em caminhões baús, vagões de trens e nas paredes ao longo das vias férreas. A repressão policial é muita rígida. Tudo acontece na madrugada.
Torre Eiffel, chamada carinhosamente pelos parisienses de “A dama de Ferro”. Indiscutivelmente um dos monumentos mais visitados em todo o mundo e o principal cartão postal de Paris. A beleza arquitetônica com seus 324 metros de altura é algo majestoso. O cansaço impediu-me de subir pelas escadas (a emoção deve ser bem maior do que a subida pelo elevador) até a terceira plataforma. Um dado histórico: ela foi erguida por Gustave Eiffel em 1889, como principal atração da Exposição Universal de Paris.
Catedral de Notre Dame é o marco da peregrinação do mundo medieval desde o século XII. Uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Na imponência da sua arquitetura se destacam a grande rosácea na parte superior e os três pórticos esculpidos no nível inferior da fachada principal: o central, “Portal do Julgamento”, ligeiramente em altura dos laterais; à direita, “Portal de Santa Ana” e; à esquerda, “Portal da Virgem”. Na entrada, o segurança – sem muita cerimônia – barra os turistas que estão de chapéu ou boné. O interior da catedral é algo de fascinante, com um vasto espaço em comprimento, altura e grossas colunas nas arcadas da nave e do coro.
Praça da Bastilha.Erguida no mesmo local onde funcionava a antiga prisão política do Império Francês, destruída pelos insurgentes durante a Revolução Francesa de 1789. Hoje é um importante ponto turístico de Paris, com vários bares, palco de diversos shows e eventos culturais. A garoa atrapalhou e não pude ser mais detalhista no registro da Colonne de Juillet (Coluna de Julho), que foi erigida em homenagem à revolução de julho de 1830. Para fugirmos do frio e descansarmos da caminhada, a solução foi entrarmos em um dos bares com aquecedores e saborearmos um delicioso café bem quente mesclado com leite.
Champs Eliseés, principal marco de Paris, o boulevard mais chique e caro da cidade. À noite, por conta da presença de muitas pessoas visitando o local, torna-se impossível encontrar vaga nos “parkings” (estacionamentos). A solução foi fazer o percurso de carro pelas avenidas com muito movimento de veículos, curtindo o espetáculo a parte, proporcionado pelas fachadas iluminadas dos edifícios históricos, lojas de produtos eróticos e o Mon La Rouge, um dos cabarés mais badalados.
Por sorte conseguimos um estacionamento subterrâneo próximo ao Café Panis, onde encontramos amigos de Pietro para um bate-papo.
O Museu D’Orsayfica nas imediações do Rio Senna, outrora importante via fluvial das embarcações transportando mercadorias. Da balaustrada contemplei o Bateaux Mouches repleto de turistas navegando pelo Rio Senna. Observado de longe o museu é discreto e sem fachada mirabolante. Valeu a pena conhecer o D’Orsay, mesmo enfrentando as longas filas para comprar o ingresso e outra para entrar no museu. Se por ventura retornar a Paris, não vou deixar de visitá-lo novamente.
Aqui, vou ter que fazer uma pausa para comentar sobre o D’Orsay inaugurado em 1º de dezembro de 1986, na gestão do presidente François Miterrand, sendo responsáveis pela adaptação da estação, os arquitetos Renaud Barbon, Pierre Colboc e Jean-Paul Philippon. Instalado em uma antiga estação ferroviária construída em 1900, durante a transformação respeitou-se a arquitetura original, com destaque para o hall central. A decoração e o espaço interior são tão grandiosos que num primeiro tempo o público fica mais fascinado pelo museu em si que pelo seu acervo.
No nível 0, o cenário é surpreendente: esculturas, pinturas, desenhos, pastéis e fotografias do período antes do Impressionismo. O antigo relógio na parte superior do corredor central chama atenção pela sua beleza. Percorremos todos os níveis, observando detalhadamente o conjunto de belas-artes dos anos 1848 a 1914, relacionadas às fases dos movimentos do Impressionismo, Academicismo, Naturalismo, Simbolismo, Arte Nova e o Pós-Impressionismo. Pietro, pacientemente, explicava-nos com minúncias as pinturas de Cezanne, Courbet, Degas, Manet, Monet, Renoir, Matisse, Gaugin, Van Gogh, Toulouse-Lautrec, Munch e as esculturas de Maillol, Rodin, Camille Claudel, Giacometti, dentre outros.
Depois de cumprida a programação turística, visitamos o grafiteiro Kongo no estúdio da Mac Crew, em Bagnolet. Em seguida, estivemos na “Le Parc 19 du Mars” (O Parque 19 de Março), local onde realizou-se uma das edições do Festival Kosmopolite, com a participação de grafiteiros de várias partes do mundo. Os grafites em Bagnolet não são diferentes da cidade de Paris. Também há repressão. A pichação é terrível, com frases e bombs.
Já na área onde fica o atelier da Mac, as intervenções são permitidas. Grafites bem elaborados embelezam as fachadas das residências, inclusive a do atelier.
Posteriormente transformado em outro belíssimo painel grafitado pelos artistas anfitriões Kongo, Gilbert e Lazoo e os baianos Pinel, Júlio Costa e Lee 27.
O prefeito da Comuna de Bagnolet, Marc Everbec (acredito que ainda seja ele), de passagem pelo local, elogiou o painel e ainda pousou para fotos ao lado dos artistas e visitantes.
Foi no capricho o jantar organizado pela amiga e anfitriã Veronique Gob em seu apartamento, comemorando a nossa despedida de Paris. Ao fim de saborearmos alguns pratos de entrada acompanhados de um excelente vinho francês, a turma degustou o frango a molho pardo, uma especialidade da cozinha caribenha, preparado com muito carinho por sua mãe Romaine.
No dia seguinte, estivemos na EEFICOM reunidos com os alunos do curso Superior de Design, apresentando o Projeto Salvador Grafita, através de filme institucional e distribuição de folheterias, além de conhecerem as atividades de cada integrante da comitiva. Pela tarde, seguimos para Limburg, na Alemanha.
A viagem foi muito cansativa. Ficamos hospedados nas casas de amigos de Pietro, a professora de arte e artista plástica Renate Kuby e de Steve Witthon (integrantes da Associação Lanh Artists e membros do ICBIE), na localidade rural Kalthozhausen.
Nesta época do ano faz muito frio. Para se ter uma idéia, os colchões e cobertores que usamos eram recheados com palhas secas de um tipo de árvore para aquecer o corpo. A hospitalidade deles deixou saudades, principalmente a alegria contagiante e extrovertida de Steve.
Limburg é o oitavo distrito do estado de Hessen, Alemanha. Uma maravilhosa cidade velha com um dos centros medievais alemão mais preservados. Para você curtir a beleza do lugar, o jeito é caminhar pelas vielas estreitas e ingremes que são ladeadas por edifícios em estilo enxaimel.
O primeiro contato foi com o prefeito Martin Richard. Após a reunião, continuamos o nossso percurso em direção ao ponto mais alto da cidade, apreciando os encantadores edifícios, datados do séculos 13 e 18 – muitos deles funcionando como lojas modernas, cafés e restaurantes – , até chegarmos a Catedral de St George, com suas 7 torres coloridas, construída no fim do período romântico, já sendo influenciada pelo estilo gótico.
O interior é muito lindo com os arcos do coro com figuras de apóstolos, profetas e santos; as pinturas afresco medievais que foram encontradas durante a restauração; a abóboda da nave central, representando o cosmo: Água e Terra; muitos vitrais; a pia batismal que data da época da construção e continua em uso até hoje.
O pit-stop para descansar da caminhada foi no Iris-Pub, de um amigo de Steve. Para aliviar o calor (o tempo deu uma trégua) saboreamos uma cerveja preta, tipicamente alemã, servida nas “serpentinas douradas”, ao som do solo de Mark Kinofler da banda Dire Straits.
Já na Lanh Artists, sob orientação de Renate, fizemos alguns esboços a lápis e tinta óleo.
Logo depois, Pinel, Lee 27 e Júlio começaram a grafitar um velho furgão, modelo Wolks, de propriedade de um dos membros da Lanh Artists.
No final, degustamos um churrasco preparado por Steve, num clima descontraído e alegre com a presença de vários amigos.
No dia seguinte estivemos rapidamente em Frankfurt fazendo compras. Depois seguimos para Wiesbaden, onde aconteceu a pintura de um painel com os grafiteiros do projeto e os alemães Senk1 e Knsk13 e Renate Kuby, numa área com vários casarões velhos transformados em “Hall of Fame”.
Artista como “Os Gêmeos”, entre outros, reconhecidamente famosos marcaram suas presenças nos velhos casarões e containers.
Um deles por exemplo, retratou cenas de um período triste da história da Alemanha, pintando prisioneiros embarcando nos vagões de trens para os campos de concentração.
Não me recordo o tempo gasto de Limburg até Marseilhe. A curta permanência de um dia e meio não deu pra conhecer muito bem a segunda maior, a mais antiga e a terceira mais populosa cidade francesa.
Comenta-se que uma das coisas mais bonitas em Marseille é a tonalidade azul do Mar Mediterrâneo. Não posso confirmar esse fato. A “garoa” mudou o cenário. Mas, valeu à pena fazer uma caminhada pelo centro, passar pelo Velho Porto ou “Vieux Port” e admirar os belíssimos e majestosos iates e uma quantidade surpreendente de embarcações turísticas, além de barcos de pescadores no entorno do maior porto comercial que está situado no sul da França, na costa do Mediterrâneo.
Lá, também, tem um “Hall of Fame”. Apesar desse espaço, encontrei várias pichações em forma de mensagens nas paredes de casas comerciais, inclusive nas calçadas.
Barcelona.O Sol foi uma bela recepção de boas-vindas durante a nossa estadia namaior cidade e capital da comunidade autônoma da Catalunha, no Nordeste da Espanha, e a maior metrópole da Europa. Do time de futebol catalão, o “Barça” de Carles Puyol – sou admirador da raça desse jogador –, um dos craques da seleção espanhola campeã da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Ficamos hospedados na região da Catalunha, próximos a residência de nossa anfitriã francesa Veronique, responsável pela programação das atividades de grafites no Hostel Art/Shaping your ideas e do tour pelos principais pontos turísticos. Ah, e o delicioso jantar “Vedella a la Plancha” com batatas e berinjela e uma massa preparados por ela e Pietro, acompanhado de um bom vinho espanhol.
Em Barcelona o grafite também está proibido. Por conta da repressão, as pichações (tags e bombs) são encontradas em grande número em tapumes de construções, veículos, fachadas de prédios etc. Já os grafites bem elaborados nas portas de estabelecimentos comerciais são autorizados pelos proprietários, desde que sejam comunicados previamente as autoridades. O Hostel foi um exemplo disso.
O terraço do albergue, um “Hall of Fame” em pequena escala, com grafites de outros artistas espalhados pelas paredes ganhou dois belíssimos painéis pintados pelos artistas do Projeto Salvador Grafita, sendo um com a participação do grafiteiro catalão Chan.
O tour a pé começou pelo centro da cidade na companhia da belíssima catalã Kelly e da jornalista Celeste Chia, amigas de Veronique, passando pela Sagrada Família, um dos principais pontos turísticos de Barcelona, considerada por muitos críticos da área como a obra mais famosa do arquiteto António Gaudí. A beleza arquitetônica é algo de fantástico. O templo tem três grandes fachadas: a Natividade – inclusive com a cripta, foram consideradas pela Unesco como Patrimônio Mundial – , quase terminada com Gaudí ainda em vida, a da Paixão, iniciada em 1952, e a da Glória por realizar-se. Estima-se que a obra, que ainda se encontra em construção, poderá levar no seu coro 1.500 cantores, 700 crianças e cinco órgãos;
a Casa Batlló, outra belíssima obra que Gaudí realizou, situada no Paseo de Grácia, numa das mais movimentadas avenidas da cidade. Em Barcelona, a casa é conhecida como A Casa dos Ossos, devido ao formato dos balcões exteriores.
Descendo o Paseo de Grécia, chegamos na Praça Catalunha, principal monumento da cidade. Em frente ao monumento está a rua La Rambla, uma das mais antigas da cidade, ligando o centro a zona portuária.
Continuamos o passeio pela passarela do pictoresco boulevard La Rambla seguindo uma multidão de turistas até o terminal do porto, observando os artistas de rua fazendo milhares de coisas, bares aconchegantes e bancas de flores.
No final da La Rambla, em frente ao mar e perto do porto, avistamos o monumento a Cristóbal Cólon (Cristovão Colombo), apontando com uma das mãos para a rota que fez em direção à América. Essa é uma das versões contraditórias. Existem três correntes de opiniões diferentes sobre a intenção do autor do monumento.
O passeio continuou até o restaurante chamado Organic, de propriedade dos pais de Shell, cujo slogan bem criativo, é “organic is orgasmic”. Um espaço amplo, tranqüilo e de bom gosto. A especialidade da casa: cozinha mediterrânea e multicultural. Buffet livre de saladas, pizzas caseiras, pratos quentes e combinados, entre outras opções. Um detalhe interessante: eles usam “productos biológicos, agua microfiltrada y “ (como reforço na mensagem)“Mucho amor, Molí d’Amor, Lots of Love” Comemos bem, a fim de repormos as energias. Após um suco de frutas bem gelado para amenizar o calor, por sugestão de Shell, seguimos em direção a Plaza Sant Felipe Neri, localizada no bairro Gótico, no centro histórico.
O local é tranquilo e agradável em períodos festivos. Mas nos feriados quando os restaurantes estão fechados, fica cheio de vagabundos. Pra sorte nossa foi um dia da semana em que os restaurantes estavam abertos. Atualmente na praça existe uma igreja barroca, construída em 1752, projeto do arquiteto Pere Bertan, com uma história bastante triste durante a guerra civil espanhola. Ainda podem ser vistos vestígios de balas de metralhadoras na parede frontal da igreja.
Não ficava bem irmos embora de Barcelona sem conhecermos a bela construção do Mercat de Sant Josep de La Boqueria e ficar por dentro da culinária. Início de noite, o mercado estava movimentadíssimo. Parada ideal para repor as energias depois de longa caminhada pela cidade. Enquanto o grupo procurava um local pra ficar, dei um rolé pelo interior do mercado. Achei uma semelhança com o Mercado Municipal de São Paulo. Muitos bares, restaurantes e barracas de frutas e verduras diversas. Em cada restaurante ou bar tem uma variedade de pratos.
No meu retorno encontrei o grupo em um restaurante, sugerido por Kelly. Experimentei diferentes pratos: tapas, frutos do mar e outras iguarias.
De Barcelona, eu, Pietro, Lee27 e Pinel seguimos para Roma. Júlio ficou e Edvandro “Tucunaré” retornou para Salvador.
Roma. Durou apenas duas horas o voo de Barcelona até a capital da Itália, cruzando os Mares do Mediterrâneo e Tirreno. No terminal ferroviário do aeroporto, embarcamos com destino a Estação de Trastevere.
O visual dos vagões com bombs de tags não é diferente de outros lugares. No interior, pichações em várias partes. Além das áreas próximas das estações que são os alvos preferidos dos grafiteiros italianos.
A Itália é o país com maior rigidez contra os grafiteiros ou pichadores. Apesar dessa proibição, existem algumas comunas (municípios) que permitem mutirões de grafites. Durante o trajeto, dois fatos me chamaram atenção: a sisudez dos passageiros e o hábito da leitura.
Após adquirirmos os “bigliettos” (passagens), seguimos no metropolitan (bonde elétrico) até a parada próxima ao local da hospedagem, situada no bairro de Trastevere – famoso pela qualidade excelente dos restaurantes -, na parte antiga de Roma. Viajamos e saltamos sem apresentar o “biglietto”. O correto é estar com a passagem em mãos no momento em que o fiscal solicitar. Agora, se você quiser dar uma de espertinho, viajando sem pagar. Cuidado! O constrangimento pode ser desagradável.
Nos quatro dias que ficamos em Roma deu pra perceber como o trânsito é caótico com engarrafamentos em vários pontos do centro da cidade, mas, não muito diferente de algumas cidades brasileiras, inclusive, Salvador atualmente. Mesmo assim, foi possível conhecer Roma de metrô e a pé, uma das opções mais agradáveis, tendo às vezes o Sol ou uma garoa fina como companhia. Insuportáveis são as sirenes de ambulâncias e viaturas de polícia.
A primeira visita foi na AOSR – American Overseas School of Roma, onde fomos recebidos pelo nosso amigo e professor de Música Roy Zimmermann, acompanhado pela diretora, Beth Kempler Pifanni, e de outros membros da entidade.
Logo depois da apresentação do Projeto Salvador Grafita, os grafiteiros Lee 27 e Pinel pintaram dois painéis usando como suporte folhas de compensado, sob os olhares curiosos de alguns alunos e professores.Estivemos depois na residência de Pina, representante do ICBIE em Roma, que nos proporcionou uma noite agradabilíssima com um jantar de confraternização entre familiares, amigos e o “staff” do ICBIE.
No dia seguinte, visitamos a parte antiga de Roma, cidade fantástica e de valor histórico inestimável. Tem arte e coisas interessantes por toda parte. É cansativo, mas valeu à pena fazer um tour a pé.
É uma sensação indescritível você ter a chance de descobrir ruínas milenares, monumentos e obras de arte a céu aberto, curtindo o que sobrou do antigo Império. Imaginem que coisa ruim é visitar esses monumentos históricos sem um guia ou alguém que explique com detalhes, o que aconteceu, o que era aquilo e etc.
Para nós, isso não foi motivo de preocupação. Pietro estava conosco. Nascido em Roma e professor de história da arte, acredito que, recordando-se da época de excursões com seus alunos, fazia o mesmo percurso, passando pelo Foro Romano, Praça Campidoglio, Coliseu, Praça Navona, Fontana di Trevi, Praças de Veneza e Espanha, a Praça São Pedro e a Basílica de mesmo nome, ambas no Vaticano, o menor estado independente no planeta, obeliscos e outros tantos pontos turísticos. À noite, aceitamos o convite de Pietro para comer uma pizza em Trastevere.
Apesar da noite fria não dispensei uma cerveja Nastro Azzurro, saboreando os pedaços como se fossem sanduíches, sem garfo e faca.
No penúltimo dia em Roma, Pietro, contando com ajuda de um grande amigo, o médico Concetto Saffeti, proprietário da Enateca Cul de Sac, organizaram uma visita a Fazenda e Cantine Lungarotti em Torgiano (Perúgia), Região da Umbria, onde fomos recepcionados por dois representantes da Lungarotti.
Na companhia deles, passeamos pela área de plantio de uvas, e levaram-nos, depois, para conhecer os espaços de armazenagens com barris ou barricas de carvalhos; adegas; rotulagens e envazamentos dos vinhos Rubesco – rosso de Torgiano – uma marca exclusiva da Lungarotti.
No final da visita uma surpresa agradável: fomos convidados por um dos representantes da Lungarotti, amigo de Concetto, para almoçarmos no melhor restaurante italiano de Torgiano. O lugar aconchegante, com um serviço de primeira, estava lotado. Entre uma entradinha e outra – adoro o pão italiano – esvaziamos duas garrafas de vinho branco. Nas receitas mais encorpadas – degustamos três sabores diferentes – serviram-nos tinto. Ah, os vinhos foram da Lungarotti. Por fim, as sobremesas.
Infelizmente amigos, acabou. Partimos de Roma para Salvador, com conexão em Paris.
Olá Mano!!!
Seguindo o seu olhar através da narração, inicio meu comentário com citações que considero importantíssimas em relação ao meu giro pela Europa. Você semeou o grão, dando continuidade para o crescimento de uma árvore, fazendo com que a as pessoas conheçam o valor do grafite. Tive a experiência de viver por muitos lugares no decorrer da leitura maravilhosa com a revelação histórica, geografíca, cultural e por que não dizer mundial? No tocante aos movimentos de 1800 a 1900 – a cidade mais linda e elegante do mundo – o seu fascínio pela descoberta – a exuberância dos locais – a intercultura se assim posso dizer dos artistas soteropolitanos e europeus – a repressão em alguns locais; a sua observação quando da circunspecção dos italianos – contrapondo, segundo minha opinião com o hábito da leitura. Leitura esta que nos conduz a viver emoções como: viajar, ver o mundo com outros olhos, entender, interpretar e prazeirosamente degustar de todas as delícias oferecidas por você, mano, de um momento único, impar, graças a Deus e aos seus amigos, companheiros de uma jornada histórica e geográficamente fabulosa.
Parabéns!! Felicidades para você, extensiva a todos que contribuiram para o encantamento desta postagem. Um abraço do tamanho da Europa. Beijos sua mana, Maria Luiza Paranaguá.
Realmente mto interessante sabe qui o graffiti brasileiro vai além dos horizontes da nossa nação!!!
Mas património público histórico nao tem ki c pichado attack geral nos monumentos histórico!
Ho sistema não respeita nois ensina Da pior forma possível
Degrade ofende attack revolte c
Leafhar, inicialmente agradeço-lhe pelo acesso ao blog e o comentário. Realmente o grafite brasileiro tem marcado presença em várias nações. No caso dos grafiteiros de Salvador (Bahia), alguns tem se destacado em alguns países. E foi uma grande oportunidade para os que estão citados no post, conhecerem e trocarem experiências com artistas locais. A publicação das pichacões fazem parte do meu trabalho, que é o de registrar o que vejo desse segmento nos locais por onde passei e circulo.